50 Tons de Cinza e Carol – O que esperar deles?

50 Tons de Cinza e Carol – O que esperar deles?

Fifty Shades of Grey

R 125 min ROMANCE

4.1
IMDb 4.1/10 214,596 votos

13 Feb 2015

Nomenado por 1 Oscar. Além de 7 vitórias & 16 nomeações.

Sinopse


A falta de fidelidade aos livros por parte de histórias que são levadas para o cinema nunca foi um grande problema para mim, afinal, já é de se esperar que haja alguma alteração no enredo, na ordem das cenas, ou até mesmo no aspecto físico dos personagens. Essa mudança nos pequenos detalhes nunca me incomodou a ponto de me fazer reproduzir para os outros uma crítica negativa sobre algum filme, até que eu me deparei com Cinquenta Tons de Cinza.

Eu li o livro de cabo a rabo. Apesar de, particularmente, não ter achado a história mais fascinante do mundo, eu pude chegar ao final dela. Mas o problema veio quando me deparei com o filme, onde a história segue a mesma, só que apresentada ao público com um olhar totalmente diferente. O que eu quero dizer com isso? Que, para mim, a produção Cinquenta Tons de Cinza foi só mais um entre outros filmes onde problemas são romantizados, e não explorados.

Na história, o charmoso, rico e enigmático personagem Christian Grey, quando passa a ser desnudado ao longo do enredo, de cara apresenta problemas, digamos assim, peculiares (assim como os seus gostos) que, se apresentados em uma situação na vida real, provavelmente mandariam Anastasia Steele e sua ingenuidade para bem longe de Christian e de seu quartinho vermelho da dor, onde o rapaz bem-sucedido se diverte com mulheres e com o seu sadomasoquismo. Mas não nessa história. Nessa história, nem todos os milhares e diferentes instrumentos de causar dor presentes naquele quarto fazem com que Anastasia Steele se afaste do homem. Pior. Faz Ana insistir mais ainda em ter uma relação com Christian, mesmo que, para isso, ela tenha que assinar um contrato (sim, um contrato) onde ele apresenta todas as coisas sadomasoquistas que ele fará com ela – caso ela assine. Também estão inclusos no contrato idas a uma ginecologista, o acompanhamento de um personal trainer, entre outras milhares de exigências que, só se forem seguidas, é que Christian e Anastasia poderão ficar juntos. Contanto que ela concorde com praticamente tudo que ele imponha e que ele exerça total controle sobre a vida dela. Lindo, não? Bom. Pelo ao menos é assim que o filme nos mostra o desenrolar dessa romântica relação. O que é desnecessário. Já mostro o porque para você.

No filme Carol, há um par de personagens semelhantes (só em alguns aspectos) aos dois pombinhos de Cinquenta Tons de Cinza. Temos Therese Belivet, jovem solitária que está começando a vida, e temos Carol. Uma mulher mais madura, atraente e elegante, que, mais tarde, vai acabar por seduzir Therese para o seu universo e as duas logo se apaixonarão.

A diferença? Nesta relação, não há a sedutora e a seduzida, ou a dominadora e a submissa (no caso de Christian e Anastasia). Ambas as personagens têm seus pontos altos e baixos, suas fraquezas e forças, fazendo com que não haja nada de abusivo em sua relação.

Com esse exemplo, posso encerrar essa crítica ao filme Cinquenta Tons de Cinza, onde a personagem Anastasia é literalmente submissa à Christian, cedendo ao seu príncipe o direito de ter controle sobre vários aspectos de sua vida para que então possam ficar juntos. Mesmo se tratando claramente de uma relação abusiva (só não vê quem não quer), o filme é inteiramente romantizado: Christian é o homem ideal, homem dos sonhos da ingênua e inexperiente Anastasia Steele, e Ana precisa ceder aos caprichos do tão cobiçado Christian e dar a ele o controle de sua vida, para que assim possam ter o relacionamento perfeito.

Crédito: Maria Tereza Seabra e Rafael Luiz

Veja Também: