A sutileza do Boi

A sutileza do Boi

Neon Bull

N/A 101 min NACIONAL

7.1
IMDb 7.1/10 476 votos

14 Jan 2016

9 vitórias & 9 nomeações.

Sinopse


Assisti o polêmico filme Boi Neon (2015),dirigido e roteirizado pelo pernambucano Gabriel Mascaro, e afirmo, depois de um longo suspiro, que gostei bastante.Convenhamos, o filme não tem lá um grande enredo cheio de reviravoltas como geralmente é esperado pelo público. Ele é simples, cotidiano, e é justamente na construção dessa simplicidade que ele demostra a sua ousadia.

As cenas, por vezes monótonas, carregam em sí um riqueza de significação que a torna suficiente, exigindo do expectador atenção e sensibilidade. Se engana quem acha que vai se deparar com mais um história sobre boiadeiros, como outra qualquer.Num ambiente extremamente machista dominado por homens, como é a vaqueijada, vemos um homem que sonha em trabalhar com moda, outro cuidadoso com suas longas madeixas negras, e uma mulher caminhoneira.Todos esses personagens são desenvolvidos e apresentados ao expectador sem nenhum traço de estereótipo , intenção didática ou de lição de moral.

Nada no filme é cliché, desde a  sua fotografia cintilante e impecável, assinada por Diego Garcia, até a comedida performance dos atores.

Juliano Cazarre constrói um homem sensível e víril, de uma maneira tão bem empregada que essas características antagônicas, se complementam com naturalidade. Maeve Jikins nos brinda com mais uma atuação certeira como a forte e também viríl caminhoneira Galega, além da pequena e talentosa Samya Lavor e os demais atores .Todos têm o seu devido brilho sob medida, como o próprio filme é como um todo.

A cenografia escolhida para contar essa história é outro aspecto muito bem acertado.Aliada a fotografia, ela é muita bem sucedida ao tentar transmitir para espectador a identidade dos personagens e os seus sentimentos

Os principais pontos que me encantaram foram as performances abstratas coerentes com as demais cenas, os diálogos ricos em vocabulários nordestinos, mais precisamente de Pernambuco, e o modo como delicadamente ele quebra paradigmas sociais que inevitavelmente está incorporado no nosso inconsciente.
A riqueza de Boi Neon está nas entrelinhas, ou não, até o momento em que é “esfregado” na cara do espectador uma cena de sexo (muito bem dirigida por sinal), que surpreende e choca  não apenas pelo modo como ela é desenvolvida, mas também por aquilo que ela representa para cada pessoa
O Boi te encanta, te faz rir, te constrange e te deixa no vácuo, pra lhe permitir reconstruí-lo no imaginário e no seu momento de reflexão.

Crédito: João Arilson Matias de Sales e Ramon Freire de Almeida

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