AMALDIÇOADO: Qual a proposta, afinal?

O filme Horns (Amaldiçoado, aqui no Brasil), de 2013, realmente deixou a desejar se avaliarmos a opinião negativa da maioria que assistiu e se manifestou na internet. Uma adaptação do livro O Pacto, de Joe Hill (filho de Stephen King, diga-se de passagem), a história é sobre um rapaz, Ignatius Perrish (Daniel Radcliffe), que tem sua namorada, Merrin Williams (Juno Temple) estuprada e morta, tornando-se o principal suspeito desse assassinato.

Já no início, nota-se, claramente, que o eterno Harry Potter é inocente, e a história vai caminhar para o clichê do anti-herói perseguido que quer provar a inocência durante toda a trama. A construção das cenas é por meio de flashbacks, o que deixa o filme bem confuso em algumas partes, já que a fase anterior ao crime é mais enfatizada. Contudo, o que torna o enredo super estranho é o fato de em um belo dia o protagonista acordar com chifres na cabeça, chifres estes que ilustram o encarte e dão a sensação de que o filme é de terror pesado, quando, na verdade, é mesclado com comédia, drama policial e até romance. É daqueles filmes malucos, sem pé nem cabeça, que você assiste por assistir mais pelo elenco e pelas impressões causadas a curto prazo, pois as coisas vão acontecendo e se encaixam de forma forçada. No entanto, o que fica evidente é a atuação ruim de Radcliffe, que parece desconfortável o filme inteiro, bem diferente do que ele já mostrou ao mundo em seus famosos papéis no cinema. Tive a sensação de que ele não encaixou no personagem, e tinha consciência disso. Até o CGI (Computer-generated imagery, ou seja, computação gráfica 3D para efeitos especiais) foi criticado pelos entendidos, perceptível também aos leigos pela artificialidade exagerada presente em algumas cenas.

Não considero um filme péssimo, já que não tive vontade de desistir e fazer qualquer outra coisa. Pelo contrário, você quer saber onde aquilo tudo vai dar, se ele vai conseguir, se o culpado será punido, se ela realmente morreu. Daí vem aquela decepção quase que como “eu já sabia” ao fim do filme, mas também não um arrependimento em ter assistido. O diretor, Alexandre Aja, esteve por trás de filmes de terror sensacionais como Viagem Maldita, e por isso a cobrança foi tão grande. Recomendaria assistirem com a expectativa lá embaixo, pois talvez possa haver uma redenção, principalmente se tratando das cenas cômicas e “trash” que o moço dos chifres é submetido.