Para responder a essa pergunta, volto o pensamento para a parte oriental do planeta. Costumes rígidos, tradicionais e um tipo de barreira invisível que, mesmo tendo sua fragilidade, consegue deixar boa parte da globalização do “lado de cá”. Isso fez com que o outro lado do mundo, o que achamos conhecer tão pouco, se tornasse cada vez mais distante do que estamos acostumados a ver na mídia.
Empresas como a Disney e a Sony, anteriormente, tentaram conseguir sucesso na Índia e no Japão, introduzindo fórmulas já testadas e aprovadas no lado ocidental. O fracasso foi tanto, que essas “gigantes” precisaram começar do zero para adentrar o público que visavam, atitude que a Netflix não quis experimentar.
Sendo assim, volto ao ponto inicial. Com o dorama Atelier e uma série de animes exclusivos, a Netflix mostra entender o que realmente significa globalização. Com clientes no mundo todo, ela não se esforçou para oferecer um produto só que agradasse a todos, mas, sim, produtos variados e com a cara de vários países.
O dorama, por exemplo, é uma produção inteiramente japonesa, feito pela TV Fuji. Os atores, as músicas, o figurino e toda a ambientação levam o telespectador a uma parte aconchegante de Tóquio, levando-o a conhecer a culinária, costumes, lugares e monumentos, como a Torre de Tóquio. Conta a história de uma menina recém-formada, que deseja trabalhar no ramo de tecidos e roupas. Ela consegue um emprego em uma tradicional loja de lingerie feita por encomenda, a Emotion, e começa a enfrentar uma série de desafios que revelam parte da sua personalidade a a fazem crescer. Possui músicas, cores e temas modernos, mas tipicamente japoneses. Com apenas uma temporada disponível, a história revelas dramas adolescentes, profissionais e maduros, ao mesmo tempo.
A globalização acontece assim. Ao invés de transformar um mundo inteiro em um só, levar pequenas partes dele para que possam ser degustadas por pessoas dos quatro cantos.