Azul é a cor mais Quente!

Vermelho sempre foi a cor associada a paixão, ao perigo, ao fogo. E manteve seu posto até 2013, quando Abdellatif Kechiche, roteirista e diretor, desapropriou as características da cor para uma nova: o azul. Com um enredo que traz em seu centro o envolvimento entre duas mulheres, o filme Azul é a Cor Mais Quente se diferencia de outras histórias de amor por um fator que veio a chocar, constranger e incomodar muitas pessoas ao assistir a realidade com que o relacionamento lésbico foi retratado.

Sem censura. De sentimentos. De conflitos. De corpos. Adèle (Adèle Exarchopoulos), no auge dos seus 15 anos de idade, se apaixona e se entrega, secretamente, a Emma (Léa Seydoux), uma mulher com envolventes cabelos azuis. Em conflito com a família e com a moral estabelecida pela sociedade, a paixão arde entre as duas a ponto de quem aprecia do outro lado da tela sentir o momento. E divergindo da conexão carnal que existe entre as duas protagonistas, a diferença de crenças, estilos de vida e a forma como elas encaram o relacionamento homossexual traz a tona o que muitos casais da realidade vivem: conflitos internos e externos.

Adèle se vê em diversos momentos confusa com o que sente, entre o amor que a toma e a coragem de o expor. Já Emma, que possui uma aceitação a ela mesma completamente diferente, tem como sua principal barreira os conflitos de Adèle. As atrizes cumprem com maestria os seus papéis e, mesmo com cenas intensas, fazem com que o filme não se resuma a isso, mostrando também um drama emocional e psicológico, além de uma representação fiel de como parte da sociedade encara e rebate o contexto. Assim, a história se constrói, se desconstrói e se reconstrói, como qualquer relacionamento e que, apesar de longo (em torno de três horas de duração) o filme faz com que, qualquer pessoa que assista, se envolva com o desenrolar da história de Adèle e Emma. Ao final, seduzido pelo enredo, você deseja apenas que haja um pouco mais de história, um pouco mais de tempo, para que aquele não seja realmente o último ponto.