Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças

Fragilidade das relações atuais: Está e a história de um casal que representa o frágil da sociedade, há toda uma ambivalência, em um momento está tudo certo, em outro há fracasso, nesse ritmo, as coisas acontecem e fracassam, acontecem e fracassam… Joel se torna um homem magoado e depressivo por sua ex-namorada (Clementine) tê-lo apagado (literalmente) de sua memória. Inconformado, ele resolve retribuir na mesma moeda, mas no decorrer da operação, Joel percebe que, na verdade, ele não quer excluir Clementine de sua vida. A partir daí, começa uma incrível luta dentro de sua própria cabeça para que essas memórias continuem vivas.

O BRILHO é um filme muito bem construído, em várias cenas percebemos certos detalhes que fazem toda a diferença, como as cores no cabelo de Clementine, cada cor representa um estado de espírito. Há uma cena onde Clementine e Joel estão deitados sobre o gelo. Ao lado de Clementine o gelo está com rachaduras, o que a representa, como instável, e ao lado de Joel o chão está lisinho e sem arranhões, que o representa como estável. Apesar das suas peculiaridades, a felicidade que o casal sente e passa para os telespectadores naquele momento, é incrível, e o casal continua sobre o gelo, representando a instabilidade que formam juntos. Neste momento feliz, o cabelo de Clementine está vermelho, que significa a paixão. Quando ela conhece Joel na praia, ela está com cabelo verde, simbolizando a esperança, algo novo. No momento em que eles se encontram no trem, o cabelo está azul, simbolizando tranquilidade, uma vida normal. Quando eles estão brigando após ela chegar bêbada em casa, o cabelo está laranja que significa nervosismo e descontentamento.

Ao fim do filme, Joel e Clementine se encontram, a cena acontece em um local fechado, uma forma de mostrar que existem limites, nesse momento eles não sabem se ficarão juntos, mas decidem que não precisam de uma certeza, o que precisam é aproveitar. A próxima cena acontece em um lugar aberto, representando as varias possibilidades, eles correm na neve, sentem a liberdade inserta e frágil para viverem o amor.

O BRILHO é um filme que não acontece de forma linear, tornando-se até confuso as vezes, mas é um filme que finalmente nos mostra a possibilidade de sermos aceitos e de podermos viver ao lado de outra pessoa totalmente diferente, simplesmente porque algo em nós pede. Isso é muito bom. É límpido; é sincero, é gerador de lembranças e impossíveis de se apagar.

Este filme retrata a fragilidade das relações, e apesar de ser de 2004, é um filme muito atual, não podemos negar, estamos em uma época de liquidez, de fluidez, de incertezas e muita insegurança.