O Auto da Compadecida: O Sagrado e o Profano

O Auto da Compadecida: O Sagrado e o Profano

A Dog's Will

N/A 104 min NACIONAL

8.5
IMDb 8.5/10 5,757 votos

10 Sep 2000

7 vitórias & 2 nomeações.

Sinopse


Inicialmente produzido como uma minissérie televisa, O Auto da Compadecida foi um grande marco no cinema nacional. Dirigido por Guel Arraes com Matheus Nachtergaele e Selton Mello interpretando, respectivamente,  João Grilo e Chicó, o filme adapta uma peça teatral de Ariano Suassuna. Na trama, somos apresentados a esta dupla de protagonistas e suas aventuras em busca de sobrevivência no pequeno vilarejo de Taperoá, no sertão da Paraíba, com direito a participação de personagens divinos como Nossa Senhora, Jesus e o Diabo.

Entre os vários acertos deste filme que podemos citar estão a dinâmica entre os personagens e o seu humor. Aliás, não há quem não consiga rir um pouco de todo humor, por vezes crítico e sarcástico de João Grilo ou dos “causos” contados por Chicó, por exemplo.  Claro que todos os elogios para o texto irreverente e cheio de sacadas inteligentes se deve também a dupla João Falcão e Adriana Falcão que auxiliaram Arraes nesta empreitada que, por sua vez, também conta com grandes nomes da dramaturgia nacional como Lima Duarte, Fernanda Montenegro, Denise Fraga, Marco Nanini, entre outros.

Mas nem de flores vive um sucesso dos cinemas, não é mesmo? Digo isso pois uma das maiores ousadias da produção é justamente tomar liberdades criativas em relação a personagens tão importantes para o catolicismo criando, assim, uma espécie de rixa entre o Sagrado e o Profano. De certo modo, também vale dizer que é ousado ver um Jesus Negro mesmo que isso, talvez, não tenha tido mesmo impacto que o clipe da Madonna com “Like a Prayer” teve na época do seu lançamento.

Como dito antes, trata-se de uma ousadia e, portanto, deve ser entendida dessa forma. É importante lembrar disso ainda mais em tempos como esse em que o politicamente correto ganha força cada vez mais em nosso tempo. No entanto, isso não pode permitir que uma obra como essa se perca no esquecimento. Afinal, mesmo com toda sua leveza, a mensagem do filme nos faz refletir sobre as mazelas do sertão, a importância do perdão e do reconhecimento dos pecados.

Enfim, com uma linguagem curta e objetiva, o filme O Auto da Compadecida prova o potencial do cinema nacional de ser ao mesmo tempo relevante e ousado.

Crédito: Marcus Alencar e Crisley Maihana Campagnolli

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