O uso da máscara é um exemplo. Na época da colonização, os jesuítas se valiam das máscaras para catequização dos índios através do teatro. Hoje, ainda existem manifestações de teatro popular, como o reisado, que é a manutenção clara dessa tradição. No reisado de caretas, os brincantes se trajam da cabeça aos pés, e assim como teatro grego, a máscara é uma das mais fortes características. Quem nunca ouviu falar daquela cantiga: “Boi, boi, boi. Boi da cara preta, pega esse menino que tem medo de careta.”? Pois o boi da cara preta é justamente um dos principais personagens, às vezes conhecido como “bumba-meu-boi”, do teatro de caretas.
Em 1970, se organizou em Recife o Teatro Popular Nordestino. Este movimento teve como principais fundadores Hermilo Borba Filho e Ariano Suassuna. Eles organizaram um teatro puramente nordestino, valorizando a cultura popular como genuinamente brasileira, e rompendo o preconceito de arte popular versus arte erudita.
A luta pela valorização estética advinda das manifestações culturais do povo se afirma nas décadas seguintes, com o final da ditadura militar, em 1985. Alguns grupos da década de 1990 vieram reafirmar conceitualmente propostas de teatro popular, na contramão de uma indústria cultural afoita por lucro e padronização. Vale citar os grupos: Folias d’Arte, a Companhia do Latão e a Companhia de Arte e Malas-Artes.
Não obstante, a influência da comédia, dos causos, do cancioneiro, da mistica está em vários produtos culturais; podemos citar a novela “Velho Chico”, veiculada no horário nobre da Rede Globo. Um grande exemplo também foi a novela “Meu pedacinho de chão” e “Hoje é dia de Maria”. Muitos grupos de teatro ainda trabalham com essa linguagem: musicais, teatro de rua, circo, o reisado, o maracatu, o frevo são exemplos de que a cultura nordestina sobrevive através da arte.