O futuro com ares de presente no filme Her
HerSinopse
Twombly, que passa seu tempo livre em salas de bate papo e jogos de vídeo game, decide comprar um sistema operacional inovador, com alta capacidade de aprendizado. A princípio sem muita complexidade, o software, interpretado apenas por voz pela atriz Scarlett Johansson – participação pela qual foi indicada ao Oscar de 2014 ao prêmio de melhor atriz coadjuvante – e autobatizado de Samantha, faz um mapeamento da personalidade de Twombly e organiza seus arquivos e e-mails. Com o aumento da interação entre eles, o SO desenvolve reações que o tornam a companhia ideal do escritor. O processo de afastamento dos amigos, iniciado com o divórcio, se intensifica conforme Theodore se sente mais íntimo e seguro em relação a Samantha. No decurso, ele se apaixona por ela, que responde aos estímulos de forma que uma mulher apaixonada faria.
Essa intensificação da relação do homem com a tecnologia parece absurda a princípio, mas faz refletir sobre a forma como os aparatos tecnológicos têm emergido como meios de supressão das carências humanas, ao passo que aumentam a solidão entre os indivíduos. Ter sempre alguém disponível online ou disposição informações para consumir alivia o peso da existência, nos tira do ócio reflexivo, que por vezes é angustiante, e de situações sociais indesejáveis.
Essa solidão, já vivida atualmente, poderá levar a um processo extremo, como no filme e facilitar a existência e sucesso de softwares cada vez mais antropomorfizados, da imersão mais profunda e irreversível no mundo virtual, do aniquilamento da experiência, do contato com o mundo concreto. Não somente as máquinas estarão mais parecidas com os homens; os homens serão cada vez mais como máquinas.