O futuro com ares de presente no filme Her

O futuro com ares de presente no filme Her

Her

R 126 min DRAMA

8.0
IMDb 8.0/10 342,467 votos

10 Jan 2014

Ganhou 1 Oscar. Além de 76 vitórias & 167 nomeações.

Sinopse


A primeira cena de “Ela”, vencedor do Oscar de melhor roteiro original em 2014,  de Spike Jonze, já diz ao que veio o filme: o rosto em Close-up do personagem aparentemente sensível que lê, na tela do computador, uma carta romântica em primeira pessoa. O personagem é Theodore Twombly, um escritor em processo de divórcio contratado para escrever cartas íntimas. A atmosfera de ficção científica – multidões de pessoas conectadas, falando com seus dispositivos eletrônicos sem se darem conta dos outros humanos ao seu redor -, serviria perfeitamente de crônica para os tempos atuais, de smartphones e aparelhos de comunicação cada vez mais portáteis.

Twombly, que passa seu tempo livre em salas de bate papo e jogos de vídeo game, decide comprar um sistema operacional inovador, com alta capacidade de aprendizado. A princípio sem muita complexidade, o software, interpretado apenas por voz pela atriz Scarlett Johansson – participação pela qual foi indicada ao Oscar de 2014 ao prêmio de melhor atriz coadjuvante – e autobatizado de Samantha, faz um mapeamento da personalidade de Twombly e organiza seus arquivos e e-mails. Com o aumento da interação entre eles, o SO desenvolve reações que o tornam a companhia ideal do escritor. O processo de afastamento dos amigos, iniciado com o divórcio, se intensifica conforme Theodore se sente mais íntimo e seguro em relação a Samantha. No decurso, ele se apaixona por ela, que responde aos estímulos de forma que uma mulher apaixonada faria.

Essa intensificação da relação do homem com a tecnologia parece absurda a princípio, mas faz refletir sobre a forma como os aparatos tecnológicos têm emergido como meios de supressão das carências humanas, ao passo que aumentam a solidão entre os indivíduos. Ter sempre alguém disponível online ou disposição informações para consumir alivia o peso da existência, nos tira do ócio reflexivo, que por vezes é angustiante, e de situações sociais indesejáveis.

Essa solidão, já vivida atualmente, poderá levar a um processo extremo, como no filme e facilitar a existência e sucesso de softwares cada vez mais antropomorfizados, da imersão mais profunda e irreversível no mundo virtual, do aniquilamento da experiência, do contato com o mundo concreto. Não somente as máquinas estarão mais parecidas com os homens; os homens serão cada vez mais como máquinas.

Crédito: Gabriela Almeida Luz e Mayara kiwi

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