O diretor é conhecido pelo seu por usar em seus trabalhos uma direção cheia de belas paisagens como nas novelas “A Vida da Gente” (2011), “Flor do Caribe” (2013) e “Sete Vidas” (2015) e é claro que “O Tempo e o Vento” não foi uma exceção. O filme tem imagens belíssimas, mas falha um pouco no roteiro. Do meu ponto de vista a obra de Erico Verissimo nunca deveria ter sido adaptada para o cinema. A produção é linda, entretanto o número elevado de personagens atrapalhou o andamento da narrativa nas telonas. Contar a história de três gerações da família Terra-Cambará seria uma missão bem mais simples, se o projeto fosse uma minissérie desde o início.
Alguns pontos que precisam ser considerados: no decorrer da obra, quando o espectador começava a gostar e se acostumar com um determinado personagem, ele envelhecia – mudando o ator – e depois morria, o que causava um certo desconforto. Além disso, pude perceber que as passagens de tempo na história, atrapalharam o entendimento dos menos desavisados (minha mãe, tadinha!!).
Mas por se tratar de um filme brasileiro de um pouco mais de duas horas, Letícia Wierzchowski (autora de do livro “A Casa das Sete Mulheres”) conseguiu fazer uma adaptação muito interessante da obra “O Continente” (primeiro livro da saga) para a criação do roteiro.
Falando em filmes nacionais, o investimento foi alto na produção: 13 milhões. É raro encontrar filmes que tenham um orçamento alto no Brasil. Outros filmes lançados no país tiveram orçamentos bem mais baixos, como por exemplo, a adaptação de “Meu Pé de Laranja Lima” teve o orçamento de 3 milhões (e é um ótimo filme, recomendo)!!
No geral, gostei muito das atuações. Falar de Fernanda Montenegro é “chover no molhado“. Ela estava perfeita e natural. Como sempre, maravilhosa.
Cléo Pires me surpreendeu com a sua Ana Terra. Foi a melhor interpretação da atriz em todos esses anos de carreira. Marjorie Estiando que vem se destacando faz algum tempo nas novelas, teve uma ótima interpretação como a jovem Bibiana. Os personagens masculinos no geral foram bons. Uma excelente escalação de elenco.
Outro ponto que fez muitas pessoas criticarem esse filme foi a ausência do sotaque gaúcho. Pra mim ele não fez falta. As falas ficaram mais claras, e os atores não tiveram que forçar o sotaque (o que ficaria feio, né? Já que os atores principais não eram gaúchos.)
“O Tempo e o Vento” não inovou tanto, mas nos trouxe uma trama gostosa de assistir e uma qualidade técnica incrível. Mesmo assim, nos cinema o filme não teve a bilheteria esperada. O que é uma pena. Esse histórico pode barrar a produção de outros filmes nacionais “épicos”.
Os filmes brasileiros não precisam ser só sobre favelas, tiroteios, tráfico de drogas ou comédias sem graça. O público precisa (e pode) aguçar sua perspectiva em relação às produções nacionais. O que é um pouco “diferente” também pode ser atrativo e belo aos olhos de quem assiste.