Teen Wolf se destaca combinando o macabro e o hype

Teen Wolf se destaca combinando o macabro e o hype

Teen Wolf

TV-14 41 min TEENWOLF

7.8
IMDb 7.8/10 85,423 votos

05 Jun 2011

12 vitórias & 21 nomeações.

Sinopse


A evolução dos personagens, o amadurecimento do enredo e as referências de um conceito de macabro pré-século 21 transformaram Teen Wolf, caminhando agora para a sexta temporada, de uma série adolescente em uma série para adolescentes.

Mas até os adultos assistem, e não só para fazer companhia aos filhos no domingo à noite (mesmo porque quem ainda assiste série com a família na sala de TV?). Acontece que a despretensão com que Teen Wolf chegou ao mundo das séries, já um pouco abarrotado lá em 2010, fez com que muitas pessoas se envolvessem de primeira com seu roteiro recheado de referências e (impossível não notar) clichês. Dentre outras definições possivelmente mais aprofundadas, pode-se dizer que a série desenvolvida por Jeff Davis é uma mistura dos principais nomes do terror old-school-lado-B-século-passado com os principais nomes do drama e da comédia high-school-lado-G-de-glamour que têm trazido para os jovens espectadores do século 21 toda a popularidade de Regina George e o fashionismo de Serena Van der Woodsen. Ou seja: uma equação previsível, mas apaixonante.

A trama sofisticada e ao mesmo tempo macabra que apresenta Scott McCall, o protagonista de 16 anos mordido por um lobisomem e que já na primeira temporada passa por significativas transformações (literal e subjetivamente), traz não só características comuns do cinema de horror norte-americano (leia-se Pânico, de 1996) como também a pegada hype que o público entre 14 e 18 anos consome desde 2004, com Meninas Malvadas, até os dias de hoje, com Gossip Girl e Scream Queens. O ambiente tem elementos inacreditavelmente comuns: cidade pequena, névoa no bosque, jaqueta college, melhor amigo nerd, paixão platônica e, claro, bullying. Mas é justamente a forma como a série agrupa essas peças tão manjadas para os jovens que torna o velho “populares versus losers” algo sustentável: com o amadurecimento de cada personagem no decorrer das cinco temporadas já exibidas pela MTV estadunidense, o contexto de disputa social no colégio ganha aprofundamento em questões como sexualidade e preconceito.

Sobre a técnica, mesma conclusão. A fotografia supera os efeitos especiais, que não são dos melhores mas não chegam a ser trágicos, e a atuação dos atores supera qualquer problema de clichê. Inclusive, alguns deles se tornaram nomes conhecidos no meio das produções com público majoritariamente jovem (Dylan O’Brien e Colton Haynes que o digam). O lance é que Teen Wolf conseguiu, com sua despretensão inicial e seu profissionalismo fotográfico, criar um personagem-problema cativante que enfrenta dramas presentes no dia a dia dos adolescentes e que está envolto em um cenário bem resolvido, com personagens que se desdobram no decorrer das temporadas como todo ser humano se desdobra no decorrer de sua vida.

Por isso não é um programa só para adolescentes. A não-problematização excessiva combinada a uma sofisticação suficiente criam um produto atraente para os pais, os tios e até os avós. Estamos falando de entretenimento, e o entretenimento pode (e deve) ser democrático. Scott começa a série enfrentando problemas de puberdade, identidade e mutação. Acabou de se tornar um adolescente, tem dificuldades de socialização e se transformou em um lobisomem. Quantas vezes precisamos lidar com um pacote inteiro de problemas de uma vez só na vida? Mas ele cresce junto com o contexto ao seu redor e, quando você menos espera, está achando uma delícia acompanhar esse processo todo – porque talvez esteja se identificando nele.

Baseado em uma comédia de 1985 com o mesmo nome mas progressões bem diferentes na história, Teen Wolf merece ser visto pela família inteira. Talvez não no mesmo cômodo e ao mesmo tempo, mas isso vai depender do critério de censura dos pais sobre as cenas de sexo que, apesar de não estarem no nível de Game of Thrones e Spartacus, não estão nem-um-pouco-perto de produções mais recatadas como Os Feiticeiros de Waverly Place e afins.

Para mais informações, assista. Ninguém aqui é pago para dar spoiler.

Crédito: Edmar Borges Ribeiro Junior, Pedro Henrique Carneiro e Leticia Bartz

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