Vikings: exploradores chegam as telas sem clichês

A série Vikings estreou em março de 2013, no canal History Channel dos EUA. O roteiro é assinado pelo mesmo roteirista da série The Tudors, Michael Hirst. É o programa mais visto nas noites de quinta-feira na tv fechada americana, com 4,3 milhões de pessoas assistindo.

Geralmente, filmes ou séries históricas que têm os vikings como tema são exagerados e faltam com a verdade, tudo para que se crie no telespectador um ambiente de fantasia e aventura. No final, o que sobra é um roteiro cheio de clichês e entediante. Todavia, isso já não acontece com a série da History Channel, pois esta junta três elementos imprescindíveis: uma história baseada em acontecimentos reais, tornando-a mais interessante, bom desenvolvimento do roteiro e personagens envolventes.

A história se passa na Escandinávia, na região da Dinamarca, Noruega e Suécia, apesar das filmagens serem realizadas na Irlanda. Os vikings foram exploradores, guerreiros, piratas e acima de tudo, bárbaros, para os padrões cristãos da época. Eram pagãos e não tinham nenhum tipo de forma de escrita. Além disso, a estreita relação com a pesca e o mar os fizeram ótimos marinheiros.

Aí que entra o protagonista baseado no lendário Ragnar Lothbrok, um simples fazendeiro nas horas vagas e guerreiro nas horas necessárias. Ele vive com seus filhos e sua mulher, a guerreira Lagertha, uma skjaldmö (“donzela do escudo”). A terra da região é muito ruim para o plantio e a única forma de sair dessa miséria é invadir os mesmos lugares (Rússia) como de costume. Porém, Ragnar ouviu um “boato” na última vez que lutou, sobre uma terra rica, não tão distante dali e desconhecida. Se o boato for verdade, essa pode ser uma ótima solução para trazer riqueza para sua família e para seu povo.

Porém, o líder da região se recusa a emprestar seus barcos para Ragnar, com a desculpa de serem apenas boatos; no entanto, sua real motivação para a recusa é o medo de perder o prestígio local. Ragnar então se junta com seu fiel amigo Floki, um hábil construtor de barcos, seu irmão Rollo e convence várias pessoas a se arriscarem no mar. Juntos planejam construir escondidos um barco e navegar em direção a terra desconhecida, que no caso se trata do reino da Nortúmbria, atual Inglaterra.

Pelo ponto de vista histórico e sociológico, a série é dez! Ela mostra desde os costumes, tradições, modo de pensamento, crenças e o mais interessante: o choque cultural entre vikings e cristãos. É muito interessante o modo como a série mostra os dois lados, e não foca apenas nos vikings em si. É ainda mais notável ver como a série consegue se desprender de qualquer clichê (esqueça os elmos com chifres) e não cria uma história maniqueísta, pois o objetivo é apenas retratar e focar no momento histórico. Outro ponto positivo é a ausência de episódios desnecessários, com roteiro muito mais objetivos se comparado a muitas séries atuais.

Para quem ficou curioso, a série ainda está sendo produzida. Aqui no Brasil é possível encontrar as duas primeiras temporadas no Netflix. Na tv a cabo, a série pode ser assistida no canal History Channel 2. Em virtude do grande sucesso, Vikings ainda não tem previsão de encerramento e é uma boa opção para quem não aguenta esperar pela nova temporada de Game of Thrones.